Se a gente tivesse escolhido o caminho de lá, neste momento, estaríamos… Terminando a tarde de domingo em nossa casa. Provavelmente, eu estaria fazendo as minhas leituras e te atazanando pra ler comigo também. Você, provavelmente, gostaria que eu te deixasse em paz para terminar de assistir às suas séries e ficaria a todo momento perguntando: “Vem pra cá, não terminou isso ainda. Termina de ler depois. Mais tarde, faríamos algo para comer e tomaríamos um vinho leve pra não prejudicar a segunda-feira. Ficaríamos conversando sobre todas as coisas insignificantes e arrumaríamos tudo para irmos deitar. Na cama, a gente tentaria não se notar pra descansarmos mais rápido, mas isso não seria possível. Transaríamos em compulsão de vinho tinto e gozaríamos como se aquele momento tivesse o poder da presentidade em comunhão com o nosso presente, o nosso passado e o nosso futuro. Adormeceríamos na paz de que escolhemos o caminho certo: o caminho de nós dois. Entretanto, hoje, como escolhemos o caminho de cá, amanhã, acordaremos sozinhos, e hoje, ainda neste findar de domingo, escrevemos poemas em futuro de pretérito pra estancar a dor daquilo o que não foi.