Romantismo no Quarto de Hotel

Amor Casal

Uma data especial pode ser considerada pelo seu significado, talvez uma por uma lembrança; uma pessoa; um acontecimento, algo que valha a pena a perder-se em pensamentos que tragam instantes de paralisação no tempo para apenas rememorá-los como se ali vivessem nos quadrantes do tempo constantemente. Desta forma que o casal Guto e Cláudia queriam passar seu período de férias, ter um dia agradável para guardar nas lembranças dentro de seu quadrante, que se tornasse algo épico, que sentissem o desejo de repetir e estar sempre juntos, contava com isso.  

Cláudia: “Guto, precisamos ter um tempo para nós, quase não saímos mais” declara em forma de desabafo sua esposa.” 

Guto: “Concordo minha querida, estava pensando sobre isso nestes últimos dias, que tal irmos a um hotel no litoral, adoramos o mar, assim renovamos as energias e teremos um tempo para nós”. Já em tom de planejamento respondeu rapidamente a esposa. 

No decorrer do dia, Guto sentiu a esposa um tanto apreensiva, ele sabia o que estava se passando, Cláudia sempre precisava respirar uma mudança repentina, mesmo que de ambiente ou lugar, ele compreendia isso muito bem, pois ele também sentia isso. Ambos sabiam que não se tratava de um marasmo no casamento, mas de uma fase perigosa da rotina de ambos, em que todos passam e eles não queriam isso. 

Juntos a cerca de dez anos, o casal carregava consigo uma cumplicidade que poucos casais jovens possuem; jamais magoaram um ao outro propositalmente, moravam em um apartamento de 120m² no alto da serra, conquistado com grandes esforços, não tinham muito móveis pois praticavam o minimalismo, e apenas o que era necessário eles adquiriam, já tinham estabilidade financeira, gostavam de estar em casa curtindo bons filme aos fins de semana e devido a isso adotaram um cômodo como um local especial na casa, a sala, que carinhosamente a batizaram de retiro. Com um belo sofá que se transformava em cama, proporcionava um excelente aconchego, a lareira elétrica era muito frequentada quando o inverno assombrava em noites congelantes, as paredes eram com cores amenas. Apesar do belo apartamento em ótima região, tinham grandes anseios por viagens e lugares abertos, gostavam de ter ambientes a conhecer.  

Guto tinha uma rotina que exigia muito de si, tinha prazos curtos, muitas reuniões a cumprir com clientes e isso necessitava muito de sua atenção, fato que deixava Cláudia um pouco isolada em alguns momentos; apesar de participar disso ela sentia a falta do seu melhor amigo e companheiro, mas ela compreendia, mas este tipo de coisa, de fato, afeta qualquer relação. Guto foi programador de sistemas a vida toda, antes conseguia estar mais tempo com sua amada e família; porém desde quando o mercado havia intensificado as oportunidades ele já não conseguia estar livre nos finais de semana, isso o incomodava bastante. Claudia sabia da necessidade de ter este tempo para ambos, era sensível a relação, gostava de pessoas, da proximidade, do toque, um fator interessante era quando Cláudia se aproximava de Guto, ele incorporava uma calmaria, estabelecia-se em sua alma algo que era percebido em suas ações, as palavras e olhares tornavam-se mais serenas, nítidas de bem-estar, se tornava um homem mais relaxado. 

Certo dia, em um encerramento da semana, Guto destemido tomou uma atitude, notou que era preciso: “Minha querida, vamos tirar férias a partir de amanhã, reservarei um hotel no litoral como conversamos, vai ser ótimos para nós o que acha?” fala Guto como se já estivesse informando o plano concretizado, era uma nota de Informação e exigindo uma rápida confirmação da esposa que é pega de surpresa. A reação de Cláudia foi das melhores, de imediato um largo sorriso mostrando seus dentes bem alinhados e grandes e de repente um pulo nos braços do esposo que desconcertadamente tenta apoiá-la em seus braços com um abraço, não funciona, ambos tombam rindo, ela em cima de Guto, ele de forma cativante pergunta comicamente. 

Guto: “Isso é um sim? “ 

Cláudia: “Sim! Sim! Sim! meu amor, que maravilha!!” responde animada. 

… 

Numa manhã de sábado o casal resolve dar início as suas férias, o azul do céu, o clima, o temperamento do sol estava convidativos, era como se uma mensagem estivesse sendo transmitida de uma certeza de que o dia ideal era aquele; sim o sol tratou de caprichar, iluminava mais que o normal, em cada raio a coloração indicava um matiz única.  

Na mesma manhã, logo cedo, Guto já estava de pé, tinha um costume de acordar aos primeiros raios, gostava de ter este tempo para si, para suas caminhadas rotineiras e sagradas, Cláudia acompanhava o esposo quase sempre, mas neste dia resolveu dedicarse a preparar um belo café, algo a inspirou, como sempre gostava de fazer charmes e dengos ao esposo, dessa vez decidiu preparar roscas com recheio de doce de leite, ovos mexidos recheados, com torradas ao molho de morango, há! Sem esquecer suas panquecas fits (sua especialidade), gostava de ter muitas frutas à mesa, a abertura da janela e o click do botão power do som para um som de piano era a chamada para a refeição. Após o breakfast, ambos conversam, finalizam algumas coisas pendentes, e tratam de agilizar a arrumação para as curtas férias, porém necessárias, pretendiam sair antes das 10h, pois queriam aproveitar a noite no local. 

… 

Já com as malas no chão no saguão principal do hotel, que por sinal se chamava Concepto; O casal animado aguardava o check-in tranquilamente; Cláudia, permanecia ao lado do esposo Guto, em pé e de mãos dadas; aquilo chamava atenção de muitos, o carinho expresso e exposto, ao contrário do que vemos hoje, a escassez de gestos de carinho entre casais, Guto e Cláudia tinha de sobra.  

Cláudia sempre carregava um sorriso cativante e largo que transmitia cordialidade e simpatia ao esposo, aquilo era uma forma de transformar o semblante de Guto que muitas vezes era sisudo; ela era daquelas mulheres que tinha um ótimo astral, e demonstrava isso constantemente pelo espírito alegre, pela aproximação das pessoas e pelas palavras impostas quando necessitava, sempre positivas; sempre que ouvia algo engraçado, ela torcia o nariz de um jeito único, fato que provocava um diferente charme em seu sorriso e face; se tinha vícios? Sim, possuía um único vício, o cuidado exagerado de seus cabelos, adorava penteados diferentes, não deixava escapar nenhum detalhe de seus cachos loiros e longos, o dourado que o sol proporcionava era algo de quem chamava-se a atenção, era seu orgulho, preferia deixá-los soltos, pois assim achava-os mais charmosos além de dar uma sensação de mais volume. Por sua vez, Guto, como gostava de ser chamado pelos amigos, era um homem educado e de pensamento rápido, era um exímio ouvinte, tranquilo até demais, adorava ouvir histórias longas e conversas cheias de detalhes, tinha um bom ouvido para música clássica, era um romântico inegável, sem ser piegas, sabia diferenciar se dos demais quanto a isso; por ser programador, sempre tinha a tecnologia como grande aliada e usava isso para facilitar sua rotina e suas surpresas a esposa. 

Observando o hotel, Guto já tinha planejado algumas coisas para o casal, apesar dos compromissos e de uma pequena resistência intrínseca sobre a viagem, Guto, não podia voltar atrás, jamais podia negar aquele sorriso exuberante, aquilo desmontava suas defesas, e assim seguiram adiante com o cronograma. O percurso final era o litoral, era tudo lindo, uma espécie de chapada e logo acima o hotel; muito diferente do que habitualmente viviam, moravam em uma região de serra, e com isso, não tinham o que mais gostavam: praias e suas belezas adjacentes. Gostavam de sentir o ar do litoral, aquele vento refrescando com seus aromas e salinidade, todas aquelas cores, pessoas e cenários eram coisas que tinha sua originalidade e com isso eles sentiam não somente a falta disso, mas a necessidade de estar ou tê-las.  

O Saguão que tinha uma vista panorâmica para o mar, chamava a atenção pela objetividade da arquitetura, com uma fachada aberta, cores sóbrias e unas, sereno e simples, comportava o que se necessitava, essa era a primeira visão do local, isso agradava quem era recepcionado, com poltronas de couro marrom e outras tantas cadeiras em madeira artesanal, nitidamente misturavam o design do local, o sentimento era de estar em um paraíso aconchegante. O som ambiente, para a surpresa de Guto era uma seleção de Bossa Nova, apesar do ritmo que está adormecido na música brasileira, era muito apreciado no local, aquilo soou como algo especial, ouvindo o violão de João Gilberto dedilhando as cordas de seu violão assim como o ponteiro de um relógio soa em constantemente ritmo, isso fazia o coração estar descansado, com sentimento de bem estar, o casal estava satisfeito com o que estava sentindo e passando. 

Guto já havia recebido as suas chaves do apartamento (cartão) e pediu para a esposa ir na frente, notou que estava bastante cansada, ela não hesitou e concordou quase que sem relutar, seria melhor um descanso o quanto antes ela pensou; enquanto ela se acomodaria, Guto com um espírito mais detalhista, queria desbravar mais um pouco o hotel que era imenso em área. 

Guto: “Querida, vou andar um pouco mais pelo hotel, quero esticar as pernas, e você trate de descansar, vá na frente e acomode-se, há problema nisso?”. 

Cláudia sabendo que ele estava certo e compreendendo o esposo responde:  

Cláudia: “Claro meu amor, de fato, me bateu um cansaço, parece que eu quem estava dirigindo” brinca Cláudia. 

Guto reforçou à Cláudia que não se preocupasse com as malas, pois o ajudante iria levar logo após. Cláudia já concordou, se despediu com um beijo demorado e um até breve, e seguiu adiante rumo ao quarto, Guto olhava sua esposa caminhando admirando-a. 

Já sozinho, Guto em primeiro plano olha ao seu redor, parado com as mãos no bolso, notou o pouco movimento na praia;  “eram poucas pessoas” pensou ele; achou aquilo curioso, fez algumas perguntas a profissionais que ali passavam, e decidiu ir em direção a praia que mais parecia um espaço privativo de areia, se aproximou de uma espécie de quiosque ou barraca muito bem montada de ferros fundidos e madeira com cor escura naval, os detalhes dos ferros lembrava muito a arquitetura art noveau, tratou de pedir uma cerveja artesanal, o local era muito bem aparelhado, fazia parte do hotel, o ambiente agradou-o, poucas pessoas e um espaço privativo daria mais privacidade a estadia; após se sentar, recebeu do maitre um encarte com as rotinas do hotel, seriam 4 dias de férias, eles precisavam aproveitar o máximo, então se concentrou a ler.  

Cláudia já acomodada no quarto, deitou-se na imensa cama com visão pro mar, as portas abertas abraçavam-na como se recepcionando-a, atentou-se aos espelhos com belas molduras e quadros que replicavam paisagens, tudo  era proposital para aumentar a sensação de conforto ao ambiente para os hóspedes; respirou fundo por mais de uma vez, olho em seu relógio e encostou a cabeça de lado na cama junto ao corpo que exigia um pouco mais de conforto e descanso, estava entregue ao cansaço, a cama dispunha de uma variedade de colchas e adornos que era convidativo a tirar um belo descanso – vale detalhar a cabeceira da cama com entalhes que imitavam e redesenhavam as ondas do mar e uma espécie de coqueiro, a cama era extremamente confortável – seus olhar já não resistia ao cansaço, brigava-se  entrefechando-os, ao longe já sonolenta olhava a paisagem do mar, mas o sono veio; o belo cômodo tinha muita autenticidade, o que nos chama a atenção era a varanda,  por sua larga profundidade que media toda a extensão do quarto, que por sinal, tinha sua estrutura em madeira muito bem envernizada e instalada em forma de tacos, era um ótimo local para conversas e apreciação romântica. 

Fazia uma tarde de verão fresca e ventilada; o céu estava calmo, sem nuvens, Guto já havia tomado algumas canecas, uma conversa amiga já tinha tomado rumos mais descontraídos com Sérgio, o barista do local – Sérgio era um excelente observador e muito prestativo, de origem africana, falava francês sua língua materna, inglês e um português belíssimo. Ambos se deram bem; Guto ouvia atentamente as histórias de Sérgio e como bom ouvinte tinha seus benefícios em certas ocasiões – soube que naquela noite haveria um evento bastante animado com músicas a beira mar, isso acontecia uma vez por mês, e o hotel estava preparando tudo naquele dia, Guto curioso perguntou: 

 

Guto: “Sérgio, este evento é privativo?” 

Sérgio sempre atencioso responde: “De certa forma, somente para os que são hóspedes”. 

Guto: “E do que se trata esta festa?”  

Sérgio “É uma forma do hotel aproximar música e hóspedes, com isso todos ganham, alguns estilos de músicas dando abertura a valores regionais e locais também são bem vistos por aqui” comenta Sérgio com um ar sábio.  

Guto pensou que por sorte o dia estava a favor dele e de sua esposa, justamente naquele sábado estava agendado este evento, já que não exigia trajes rigorosos, apenas uma vestimenta adequada para o calor e ambiente que estavam seria algo informal e divertido. 

Claudia adormeceu na cama por algumas horas – era preciso – seu corpo pedira uma pausa e isso a ajudaria relaxar; sua mente estava demasiada. Despertando aos poucos, estica os braços com a intenção de acordar-se por completo, rola um pouco de lado; abrindo os olhos ainda cerrados e nota que ainda está com a mesma roupa que chegara, apenas um breve esquecimento e sua mente retorna para a realidade. Cláudia pega o celular para verificar as mensagens, nota que Guto não a havia retornado, trata de ligar para seu esposo com a intenção de ter notícias, ele prontamente atende o telefone, explicando tudo que havia acontecido e diz categoricamente: 

 

Guto: “Cláudia querida, estive conversando com o Sérgio que trabalha na praia, e aqui me informou que teremos um evento muito animado, uma espécie de festa ao ar livre, então acho que poderíamos estar presentes, será informal e somente com os hóspedes, o que acha?”  

Cláudia ainda despertando, de repente arregala os olhos: “Evento? Festa? Você já colheu todas essas informações enquanto eu cochilava? E quem é Sérgio?” responde rindo ao telefone com o esposo. 

Guto em momento descontraído trata de esclarecer: “Isso minha querida, soube a pouco. Sérgio é o barista que é responsável pelo quiosque do local, que mais parece um mini restaurante” 

Cláudia satisfeita com as respostas, continua: “Há! Agora entendi. Estou muito animada, vamos sim, só dê algum tempo que eu possa despertar e arrumar-me”. 

Guto: “Ótimo! Lhe aguardo aqui, já reservei uma mesa”. 

Cláudia: “E não irá trocar de roupa? Não vens ao quarto?” 

Guto ansioso: “Não, por agora não querida, comprei uma camisa na loja, como tudo é informal, estou me sentindo bem e já reservei a mesa”. 

Cláudia: “Tudo bem meu amor, daqui a duas horas nos encontraremos”. 

Cláudia, nitidamente entusiasmada continuou a ouvir os detalhes pelo esposo. Ao desligar o telefone lembrou dos momentos alegres que frequentara com Guto na jornada do casamento, ótimas festas nas casas dos vizinhos, eram noites dançantes, sempre gostou de estar em um ambiente animado e alegre, e nisso, ela tinha muito mérito, alegrava o ambiente; as lembranças se envolveram e contornaram sua infância. 

Cláudia pensou: “Há! Que momentos!”  

Seu pai era seu melhor par e amigo, sempre foi um excelente educador e exemplo, mesmo que as situações exigisse seriedade, o sorriso acalentava os pensamentos mais sombrios, era a frase basilar de seu pai. 

Ambos haviam passado experiências distintas em suas vidas, enquanto Cláudia vinha de uma família próxima e íntima, no qual compartilhavam tudo, Guto não chegou a conhecer seu pai, na verdade, ele não lembrava, pois a separação ocorreu quando ele tinha apenas quatro anos de idade, e fora criado pela mãe, sua única parente que fez de tudo para ele ter uma boa educação. Nisso, sua esposa admirava muito sua sogra e o esposo. 

… 

Cláudia estava pronta, com um short de seda/linho preto com a bainha enrolada e botões dourados, uma camiseta branca e uma blusa social feminina aberta traçavam o estilo moderno e ocasional. Guto, misterioso aguardava para o evento que já havia começado, tudo muito bem-posto, informado e disposto em mesas altas fincadas entre o deck e a areia, próxima ao restaurante que ladeava com o saguão principal, o local era aberto a todos do hotel. Guto apenas tinha trocado de camisa, estava com uma bermuda bege e um cinto marrom que contracenava com sua camisa social de manga curta azul com bolas brancas, discretas, e confortavelmente vestia em seus pés um mocassim claro; recepcionou a esposa que estava linda, seu olhar quando atingiu o dela, era como se fosse um relâmpago atingindo o alvo, sim, ainda sentia calor da paixão, estendeu a mão direita que foi correspondida, passou a mão no rosto macio de Cláudia, a elogiou-a de forma sincera, logo após as palavras veio o primeiro toque dos lábios, suave como uma brisa, um gesto repleto de promessas e emoções; Cláudia sentiu sua nuca quente com aquele entusiasmo do marido, ele a convidou para aproximar-se em uma das mesas, que de imediato foi atendido; ao som de uma seleção de jazz e blues o evento já estava armado e animado, e o casal já estava curtindo com grandes giradas e gingados. 

Este tipo de ação fazia com que Cláudia tivesse a certeza de estar com a pessoa certa, espontâneo e autêntico, por vezes sua mão suava e pairava o olhar no sorriso do esposo que ao seu lado ficava muito leve. Guto, com as mãos entrelaçadas no da esposa, desejava que aquele início de noite durasse não somente dias, mas um tempo empalado na eternidade.  

Aos copos de uma cerveja artesanal muito bem-preparada, eles gostavam do que estava sentindo; a areia permeava o solado do pé ao modo que transpassavam os passos de uma dança em casal, lenta e apaixonante, rostos com rostos, tudo muito animado, que por fim, terminou em grandes risadas de satisfação e rodopios. 

Logo que a música acabou, o casal em meio ao evento já morno, cambaleava ainda ritmados pelo som e logo se esbarram em uma espreguiçadeira que despretensiosa estava esquecida por ali, caem deitados, rindo da cena, Cláudia encosta sua cabeça no peito do esposo e relaxa, percebe que o tempo que já passaram foi essencial para reconhecer as prioridades, os erros e os objetivos a serem alcançados, uma delas é felicidade de sua esposa, que por sinal, se tornara mais atraente com o tempo, fato que ele achava impossível, ela havia deixado o jeito de menina, e se tornara uma mulher reconhecidamente linda e agradável. 

Cláudia intensifica a memória lembrando: “Lembra de nosso primeiro encontro? 

Guto com afeição a esposa responde carinhosamente: “Lembro sim, foi exatamente na praia, acho que por isso nos sentimos atraídos pelo mar.” 

Cláudia: “Pode ser. Lembro perfeitamente como fiquei nervosa quando te vi, era algo que não sabia explicar, o nervosismo tomou conta de mim” responde de forma delicada. 

Guto: “Eu também estava nervoso, acredito que se lembra perfeitamente, inclusive troquei seu nome por Fausta, que nada tinha a ver contigo, ali perdi o rumo da conversa”. Ambos sorriram com a atrapalhada do marido. 

Guto continuou: “Naquela noite, fiquei com muita vergonha, primeiro pelo equívoco, segundo pela falta de assunto. Te perguntei se frequentava algum zoológico? Que mico!” Ambos riram demasiadamente. 

Cláudia: “Sim, lembro. Acredita meu amor, que esta pergunta que me fez quebrar o gelo, assim percebi que estava tão nervoso quanto eu, ali percebi que tinha algo entre nós”. 

Cláudia responde tentando amenizar a situação. 

Todo aquele ambiente trazia consigo memórias, e isso eles faziam questão de criar, sentir e prosseguir com elas. 

… 

O dia anterior tinha sido um ótimo início das férias. O sol já em seu altar, indicava sua colaboração para embelezar o dia e tornar tudo mais agradável, sua forma mais intensa estava no ápice dos 33ºC, o mar estava convidativo com ondas baixas, águas mornas, areias brancas como o sal, águas cristalinas; apesar do cansaço da viagem, ambos conseguiram se divertir, provocar sorrisos e diante de toda a festança, conseguiram de alguma forma ter mais um momento que corroborou com a criação de memórias. 

Durante a festa, o casal conheceu Carlos e Brenda, casal de idosos que estavam ali coincidentemente passando alguns dias de férias, eram muito tranquilos, aspectos joviais apesar da idade, sempre sociais e sorridentes, com aproximadamente 60 anos cada, tinham bastante experiência a doarem; na noite em que se conheceram foram dormir um pouco mais cedo que Cláudio e Guto. 

Os casais acertaram de ter um almoço juntos, antes disso, na mesma manhã, Guto convidou a amada a caminhar na praia com o objetivo de relaxar e apreciar o ambiente, ter este tempo a mais juntos; Cláudia gostava de atividades físicas e aceitou prontamente. Na caminhada que durou cerca de 30 minutos o casal refletia sobre a relação, tocavam-se de forma carinhosa, e Guto como adorava o mar, parecia que cronometrava a cada 5 minutos corria em direção às ondas para um mergulho, parecia um ritual de meninice que divertia Cláudia que o acompanhava, realmente ali o casal estava deslumbrado com os sons e cores, tudo era mágico. Guto estava restaurado de sua rotina puxada, já não estava tão inseguro quanto aos compromissos que o fazia franzir a testa quanto tocavam assunto férias, tudo tinha seu tempo, assim já pensava. 

Guto: “Claudia meu amor, estou adorando cada momento, isso nos faz pensar se nosso estilo de vida é válido, não acha?” 

Cláudia: “Verdade, será que nossa vida sempre estará sujeita a esta coisa de rotina? Trabalho…trabalho e um período de lazer? Também penso nisso, principalmente quando estamos tranquilos assim.” Reflete Cláudia em meio a conversa com Guto em meio a ondas. 

Em seus momentos de conversa, continuaram caminhando, meio que sem destino, e a frente avistam próximo de um acumulado de rochas, decidem tirar algumas fotos, olham alguns casais com crianças enquanto posam, e isso mexe um pouco com Guto. Cláudia percebe que o esposo estava reflexivo, então toma a palavra: 

 

Cláudia: “Gosto da ideia de uma família unida e grande e você?”. 

Guto apenas balança positivamente a cabeça e mexendo os lábios como se quisesse falar algo, mas as palavras não necessitavam ser ditas. 

Cláudia prossegue: “Acho que estamos bem, estamos concentrados em nossas vidas e aspirações, já conquistamos alguns patrimônios e talvez seja hora de somar mais uma pessoa a nossa família, não acha?” 

Guto gira a cabeça de forma lenta, ainda degustando as palavras, seu olhar atencioso as palavras da esposa provocam uma lágrima que cai de seus olhos, ele tenta esconder de forma amadora, mas Cláudia não o deixa virar o rosto, acolhe o esposo de forma sentimental e abraça-o, beijando sua testa e boca. Cláudia: “Você não me respondeu!” indaga Cláudia. 

Guto: “Minha querida, sabes que tenho afeição por crianças e sinto esta necessidade de ser pai, não esperava que isso tomasse início aqui, mas tudo tem o seu tempo e agora acho que é o nosso tempo.” 

Emocionado, Guto toma a esposa para si e a beija carinhosamente. A caminhada proporcionou um belo projeto de vida – gerar outra vida – a família iria crescer. 

Retornando para o hotel, estavam o casal de colegas Carlos e Brenda aguardando no restaurante, Guto e Cláudia por um momento haviam esquecido, o assunto da manhã tomou muito da concentração de ambos; já acomodados e servidos; as conversas estavam descontraídas e tinham tomados vários rumos, Brenda mais experiente que Cláudia compartilha de seus pensamentos sobre relacionamento: 

 

Brenda: “Tudo na vida é opção e escolha, e nós escolhemos ser felizes, um aceitar o outro na sua melhor e pior forma, isso aconteceu quando descobrimos que amar é aceitar” 

Cláudia ouvindo atentamente tomou notas das palavras. Era algo sábio de se falar e digno de se ouvir. Guto fez o mesmo, refletiu sobre aquilo. 

Guto: “Concordo!” fala Guto olhando para Cláudia com complacência.  

Carlos em meio aos pensamentos da companheira completa: 

“Faz parte da relação crescer em meio a tropeços, o que importa é tropeçar juntos e crescer juntos.” 

Guto e Carlos riam bastante dos diversos temas em comum, a idade era jogada de lado, enquanto Cláudia e Brenda eram ouvintes serenas, os papéis haviam se invertidos, mas nada passava de um momento descontraído banhado de uma geladíssima cerveja artesanal escura meio adocicada que cativou a todos, os brindes brilhavam no ar. 

Em meio aos diálogos o casal Guto e Cláudia refletem suavemente sobre os temas, saindo dali muito apreciados com tudo, mais conscientes da vida a dois, felizes com cada palavra de conforto, estendem as ideias ao longo do caminho para o quarto. Cláudia reflete nas palavras de Brenda sobre ser cúmplice e ser sincera na relação, aquilo transformou a todos. A ideia de construir uma nova família havia se instalado. 

Já no quarto, o casal a passos lentos, como se não quisesse terminar aquele dia curtem cada segundo expirado, avistam uma garrafa que se oferece a ser degustada, abrem uma garrafa de vinho espumante, no rótulo dizia: Château Latour Tinto, Guto conhecia a safra, decidi abri-la, com a ação, o ambiente fica aromatizado com sabor de frutas pretas, o cheiro era inconfundível, o preferido de Cláudia, que tomou nas mãos duas taças, e pensou: “estas bastavam para o início da noite”, Guto tira a camisa, sente-se muito à vontade e recolhe-se a varanda para tomar uma brisa que estava escassa na noite, escora seu antebraço no corrimão, inclina-se confortavelmente, ali reflete e aguarda a sua esposa que prefere preparar um banho relaxante na banheira, seria ideal para se refrescarem. Guto em meio ao horizonte, à vista o mar e alguns barcos que tremulam de acordo com as marolas, e aquela paisagem vem uma imaginação de como seria morar naquele local, uma vida rodeada de beleza e reflexão, próximo do horizonte sem fim; e em um único gole refresca seu corpo imediatamente e agiliza seus pensamentos, ele alisa os cabelos pretos tentando remodelá-los para trás, e pensa: “um filho, que coisa”, quebrando seus pensamentos, escuto um chamado: “Guto! Vem!”, era sua esposa decidida em aproximar se por completo; naquele instante ele enverga-se lentamente, coloca as mãos no quadril e sorri, caminha em direção ao banheiro e sua esposa já está aguardando-o submersa, senta-se na borda e puxa o rosto da esposa que é agraciado com um belo beijo e carinho, olha diretamente para Cláudia e diz: Eu te amo! Aquela sonoridade soa diferente para Cláudia, foi uma frase condensada e sincera, como uma fórmula de matemática que se precisa saber o que escreve, ele sabia o que significa exatamente cada palavra e seu significado; Cláudia se levanta abraça seu esposo, retribui com um: “Eu te amo também!” e vagarosamente desveste Cláudio, os dois frente a frente se entregam, compartilham a energia e a mesma banheira que se torna cúmplice do amor apaixonante. 

Já envoltos em seus hobbys, ainda com os rostos úmidos do banho, Cláudia se direciona a uma espécie de vitrola, olha pra Guto e ri, ele já imagina que a esposa iria dançar, ainda em ótimo estado de espírito, era como se todos tivessem sua áureas restauradas; aquela vitrola adornada e vintage não só decorava o ambiente como romantiza-o, a arte da decoração havia acertado nisso. Guto, já planejando a refeição, se direciona a cozinha e inicia uma performance à la chef – o hotel dava a opção de layout e opções de serviços, e ele fez questão pela escolha completa de serviços – a cozinha já aparelhada e armazenada fez de Guto naquele momento um grande chef italiano, ele gostava de estar à frente das ideias, e a cozinha era algo que relaxava e proporcionava a ele algo bom. Com um tom carinhoso disse a esposa: “Hoje não pediremos nada, lhe servirei”. Cláudia em um momento de satisfação joga os braços para o ar como se adorando a brincadeira; Guto ri da atitude da esposa que não sabia medir suas ações em alguns momentos, era natural de sua personalidade. Ele olha sua esposa que inicia movimentos uniformes de dança, com o travesseiro sendo seu par, ela rodopia num aconchegante abraço entre ela e o romântico travesseiro, Cláudia se diverte sinceramente. Guto prepara a mesa com cuidado, já se somavam 18:30h, reposiciona um pouco a mesa próxima a varanda, coloca dois pratos rasos, organiza delicadamente os talheres, e põe centralmente a prataria principal uma belíssima carbonara com salada, a mesa estava servida. Cláudia e Guto comem confortavelmente próximos um do outro, após a refeição, o casal compartilha o momento na varanda, silenciosamente ali ficam por um momento, notam vagarosamente um movimento de mãos, não reconhecem de imediato, se concentram, era Carlos e Brenda acenando; enquanto admiravam a paisagem, o casal no apartamento vizinho capturou a atenção deles enquanto Cláudia dançava em sua sala, parecendo estar em seu próprio mundo mágico, e aquilo deixou o casal com uma sensação de dever cumprido, sabiam que as mensagens de cuidados e sinceridade no almoço tinha surtido efeito, Guto e Cláudia retribuíram o aceno meio que sem jeitos, mas felizes com a recepção.  

Na manhã seguinte, ao se despedirem do hotel, Guto e Cláudia trocaram sorrisos com os vizinhos. Sabiam que aquela experiência única de compartilhar a felicidade tinha criado uma ligação especial. Eles se sentiam como se tivessem renovados os votos de casamento. 

Já em retorno, Cláudia não se cabe em êxtase e Guto nota, mas permanece em silêncio, nada precisava ser dito, só sentido, já que ele sentia o mesmo; a viagem tratou de construir algo que eles não tinham planejado, sentimentos sinceros que nascem de forma natural, fruto de admiração e respeito, tudo aquilo transformou o casal; chegaram com a intenção de descansar em umas férias rápidas, saem desta experiência dedicados ao casamento e com promessas de constituir uma família, aquilo era um imenso passo. Guto não escondia a ansiedade de ser pai, como ele faria isso? Ele não sabia, mas a vida daria um jeito, ele não teve a figura paterna presente, mas tinha o exemplo do seu sogro e mãe. 

Já em casa, Cláudia estava ajudando o esposo em seus compromissos profissionais, colocou a mão ao lado da cabeça e cambaleou um pouco, resolveu sentar-se, se sentia um pouco tonta, aquilo se repetiria mais algumas vezes durante o dia, apesar de nunca ter ficado assim, não achou estranho: “era apenas um mal-estar” assim pensou. Guto concentrado e pouco distraído em meio as suas anotações e pensamentos nada nota, mexia ora na tela do computador ora em suas anotações. Certo dia, em um dos seus almoços preparado pelo criativo e inspirado esposo, Cláudia se sente enjoada, e aquilo já se torna algo que a preocupa, Guto pela primeira vez fica intrigado e observador quanto ao acontecimento, mas Cláudia ainda acha que pode ser normal pois ela não vinha se exercitando ultimamente e ela associou a isso, apenas ela não estava bem a alguns dias é o que pensava, Guto pede que ela vá ao médico, insiste bastante, já que estava na hora do check-up. Cláudia por fim concorda. 

No dia 15 de fevereiro, data de aniversário de Guto, alguns familiares e amigos estão presentes, Guto não gostava de surpresas e ele mesmo planejou um encontro, Cláudia insistiu muito que fizesse com as pessoas mais próximas, e que aquilo serviria para descontrair. 

Em meio às conversas, Cláudia pede a palavra com ar de ansiedade e emoção, algo que iria acontecer de especial: “Boa noite a todos! Todos sabem que o tempo de nossas vidas é destinado por Deus, e a cerca de 3 meses atrás tiramos poucos dias de férias para que pudéssemos equilibrar o pensamento que vinha muito ocupados com nossos compromissos, e ali conseguimos renovar nossos sentimentos e intensificar tudo isso que chamamos de relacionamento”. Cláudia já emocionada tenta continuar. 

Guto com um copo na mão fica concentrado nas palavras da esposa, apesar de muito emocionado, a deixa conduzir a situação. 

Cláudia: “E hoje trago a notícia de que nossa família terá mais um membro” Cláudia fala bastante emocionada. 

Guto dá um pulo da cadeira, que por sinal é derrubada junto com o ele, provocando risadas, Guto imediatamente se levanta, um pouco atrapalhado e vai em direção a esposa, olha com muito afeto e amor para seus olhos e segura a barriga da esposa como se desse boas vindas ao filho desejado, e ali o caminho toma um novo sentido na vida do casal – uma família.

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