Sentimento de fundo de quintal,  vindo com pés descalços de terra,  cheiro de chuva e voz de mãe chamando para ir jantar.  

Sintomas de familiaridade e essência de jasmim.  

Lençol bem esticadinho na cama com cheiro de ternura. Janela entreaberta para receber em suas vísceras um pôr- do- sol incestuoso.  

Brisa que passa pela leve cortina de voal e se desfaz para beijar as plantas do jardim.  

É assim que te sinto.  

É assim que te vejo.  

É assim que te quero.  

Abro as tuas pernas até onde o teu cerne possa me encobrir,  até onde o teu corpo possa me abranger,  até onde as tuas entranhas possam me sugar…  

Se quiser passar amanhã,  eu vou te querer também.  

E,  

na semana que vem,  também.  

Mas venha hoje, porque vou te querer todos os dias,  e vou te querer todas as horas e não quero desperdiçar tanto querer com pouca poesia. 

Posso te amarrar aqui,  neste meu sobradinho de afetos,  caso a liberdade te ferir os princípios e a confusão oferecer um banquete de lógicas e ponderações.  

Mas lembre- se: caso você sinta o nítido desejo de silenciar toda essa vastidão de falsas plenitudes,  eu estarei aqui pra te mostrar que eu me refaço todas as vezes que tento redefinir o amor que sinto por você…