Capítulo 4- A Declaração de amor
Daniel
Ela saiu do meu quarto com meu moletom que era imenso que cobria até suas coxas. Eu estava tímido.
Olhei para ela e quando ela me olhou de volta eu desviei rapidamente. Eu não sabia me expressar tão bem quando o assunto era elogios, mas eu queria me esforçar.
– Você está… muito legal. – Digo nervoso enquanto estava na cozinha preparando o jantar
– Legal? – perguntou sorrindo
– Eu quis dizer muito bonita! – Ela chegou até mim e apertou minha bochecha
– Você é engraçado Daniel Johnson
– Você fazia isso toda vez quando éramos pequenos… – Ela sorriu pensativa
– O que você está fazendo?
– Preparando um jantar… lembra quando minha mãe fazia esse tempero?
– Lembro demais, ela continua em Londres?
– Sim, eu irei visitá-la mês que vem.
– Não sei de quem mais sinto falta, dela ou daquela comida caseira maravilhosa. –
Brincou beliscando umas frutas que estavam na bandeja em cima da bancada
– Eu sinto falta da comida da mamãe ela tem gosto de infância, precisamos comer um dia.
– Sim!
Por um momento percebemos que estávamos nos encarando demais, ela notou meu olhar questionador quando disfarçou uma irritação na garganta e foi beber água.
Sarah amava minha mãe Alessandra, ela era a melhor na cozinha, sempre nos surpreendia com vários pratos especiais, não é atoa que se mudou e hoje tem seu próprio restaurante.
Minha mãe sempre recebeu Sarah, desde o primeiro dia em que eu a conheci, quando recebi aquele botão, quando voltei a sorrir e brincar. Minha mãe sentia que Sarah foi um dos meus motivos de superação. Sarah não tinha família, mas ganhou uma nova, aliás, ela e sua irmã Sandy.
Elas não falam muito do tempo em que moravam com sua única avó, e ela havia falecido tempos atrás. Na verdade, Sarah nunca falava sobre nada em específico, ela sempre preferiu evitar situações que envolviam seu nome. Eu também nunca quis perguntar demais, tanto que apenas uma vez ela me falou que considerava minha mãe sua família, pois éramos os únicos que as amparam.
Eu me preocupava com Sarah todos os dias quando eu estava longe. Ela tinha um hábito de fugir das coisas, ela nunca conseguia enfrentá-los e vivenciar as situações, eu sabia que ela não estava indo mais aos nossos lugares, eu suspeitava desde quando ela tinha desaparecido das redes sociais e de tudo.
Ela já me disse que não saberia responder minhas perguntas… ela nunca sabia as respostas, eu sabia perfeitamente como ela era.
O jantar foi quase perfeito, até que no momento em que ela brincava com a comida e conversava sobre a infância, e depois acabou cochilando no sofá. Eu a carreguei até meu quarto, e lhe cobri com o cobertor.
– Eu te amo! – Disse sussurrando e dando um beijo em sua testa. – Vamos amigão, hoje dormiremos no sofá! – Disse e o cãozinho nem se indignou a me olhar, ele estava se sentindo confortável demais coberto de almofadas.
Sorriu, mas que cãozinho esperto. Pelo visto eu vou dormir no frio sozinho Talvez eu tenha demorado para pegar no sono, eu estava ansioso para a nossa viagem.
Tanto que minhas mãos suavam, seria o dia dela…
Deve ter sido por causa disso que acordei um pouco tarde como de costume, normalmente eu acordava cedo. Quando fui ver se ela estava no quarto, ela não estava mais… deveria ter saído de fininho ao amanhecer. Isso me fez pensar: será que ela vai me achar preguiçoso?
Ela me mandou uma mensagem dizendo que estava no trabalho, por isso teve que ir urgentemente. Lembrei que ela agora era uma estilista, mas estava querendo começar com sua própria linha. E a nossa viagem que estava chegando, era exatamente para isso
—bom eu sabia que ela iria se inspirar, eu acreditava nela mesmo ela não sabendo do
que era capaz, eu sabia que ela era capaz de tanto, tantas coisas… e essa viagem era para ela se encontrar.
A semana mal nos víamos, pois ela estava sempre no trabalho e de noite ela me levava para conhecer a nova lanchonete que tinha estreado.
E enfim chegou o último dia da semana, amanhã era o grande dia.
– Então você está pronta para viajar amanhã? – Digo no momento em que ela abre a porta.
– A viagem de vocês é amanhã? – Perguntou Sandy curiosa atrás de Sarah
– Acho que Sarah nunca saiu para conhecer o mundo a muito tempo. Está mais que na hora – Digo e Sandy sorri
– Eu concordo! Gostei disso hein… – disse sussurrando e cutucando Sarah, eu deixei escapar um sorriso de canto abaixando a cabeça.
– Amanhã estarei no aeroporto! Me surpreenda, Daniel. – Disse séria. Eu apenas sorri Assim que saio, na hora em que ela fecha a porta eu começo a andar desajeitado e feliz, dando uns pulos em direção ao carro.
Eu mal conseguia fechar os olhos para descansar. Parecia que finalmente eu estava realizando aquele sonho quando estava em Harvard e planejava os mínimos detalhes.
Assim que amanheceu eu corri pra me arrumar, a mala já estava pronta a dias. E o presente peludo iria ficar aos cuidados de Sandy, que já estava encantada pelo cãozinho, desde que éramos pequenos, Sandy e Sarah eram apaixonadas por animais.
Sarah estava linda, ela sempre usava o meu sobretudo que eu lhe dei uma vez, eu estava social. E lá ia minha cachinhos dos olhos verdes, sorrindo empolgada enquanto estávamos na fila do aeroporto.
Na viagem íamos conversando e ela ficou surpresa ao descobrir que estávamos indo para Paris. E tudo que se passava em sua cabeça era, o que teria de surpresa ao chegarmos lá. Mas eu queria deixar ela o máximo na suposições. Tudo que eu pensava era se seria mais interessante do que seus pensamentos, e se ela estaria mais feliz do que suas suposições, pois ela estava tentando adivinhar tantas, e nenhuma conseguiu chegar ao que era.
Já se passaram tantas horas que minha tagarela estava cochilando em meu ombro.
Depois de horas finalmente estávamos em Paris, era noite, e eu planejei a melhor hospedagem em um dos hotéis boutique, o Shangri-La Hotel Paris, o hotel palácio, estilos asiático e imperial europeu
– Une chambre double s’il vous plaît!– Digo e olhei para Sarah e ela estava com um sorriso nítido em seu rosto.
Assim que entramos, ela logo se jogou na cama cansada. Eu fiz o pedido de um jantar no quarto, e enquanto eu olhava a vista da torre Eiffel, Sarah estava no banho. Ela estava exausta, mas empolgada com a viagem, amanhã seria o dia de sairmos. E eu já havia preparado tudo.
Tudo estava indo como planejado, o que eu não sabia como aconteceria, era como ela reagiria.
Era minha vez de banhar, quando eu saí do banho Sarah já estava coberta e descansando, vou em sua direção balançando meu cabelo na toalha, e dou um beijo na sua testa. Ela parecia ter dormido de propósito e tímida, porque dividimos a cama, e o meu espaço estava gigante. Isso me fez tirar uma gargalhada baixinha. E deitei do seu lado bem distante também.
***
Sarah
Era o dia em que ele me levaria para eu ter a inspiração para começar a criar minha linha de roupas. Eu passei muitas horas no voo tentando adivinhar qual seria essa inspiração, se iríamos a um museu, ou se iríamos alguma estilista famosa. Ele apenas sorria, ouvindo meus pensamentos. Eu não sabia que a surpresa era Paris, então não me preparei tanto para roupas excepcionais, como uma boina sólida, mas sobretudo, cachecóis…
Mas eu gostava do vestido azul claro longo que nas pontas iam ficando mais claras, e iria acompanhar com uma blusa cropped gola quadrada com acabamento de babados manga de virago, que ficaria por baixo do vestido e daria um toque vintage com minhas botas pretas. Eu estava em dúvidas sobre maquiagem, então eu apenas hidratei o rosto e passei um blush para dar um pouco de cor ao meu rosto pálido.
Ele já estava pronto na sacada tomando um café, até que eu cheguei até ele, depois de ter desistido de prender o cabelo.
Ele me olhou de cima a baixo com um olhar bobo e um sorriso tímido, aquele sorriso fazia minhas bochechas esquentarem. Eu estava usando um visual tão comum, ele que estava tão elegante, aqueles cabelos loiros bagunçados, me dava vontade de passar a mão e sentir a maciez, aquele estilo de roupa que lhe caia perfeitamente bem! Uma camisa preta e um sobretudo social longo e uma calça preta. Ele era muito lindo, tão lindo que parecia ter saído de um retrato pincelado pelos deuses.
– Vamos? – Perguntou depois de eu ter terminado de tomar um café.
Estávamos saindo do hotel e ele me olhou tímido depois de me ver bem distante dele –
Você pode andar segurando em mim? Eu quero poder andar com você assim.
Sorriu enquanto estávamos de braços dados. Ele sempre tinha essa forma de sempre ser respeitosamente exagerado em tentar fazer algo. Ele nunca fazia algo antes de perguntar se incomodava.
Isso me deixava boba e feliz, eu me sentia em um cortejo clássico à moda antiga, eu sabia que estávamos apaixonados e que ele estava querendo me fazer eu me sentir cuidada, talvez aquela conversa com a maluca da Sandy era mesmo verdade, Daniel era realmente esse tipo de pessoa, que sempre quer fazer as coisas de um jeito especial. E
deveria mesmo estar fazendo o ato de demonstrar seu afeto. Sair com ele igual uma dama me fez andar pelas ruas de Paris com um sorriso estonteante que era tão grande que não conseguia disfarçar. Ele deve ter percebido quando me olhou conversando, e pausou para olhar meu humor e escapar aquele sorriso de canto com a cabeça abaixada.
Andamos por vários lugares, e ele parou em uma joalheria e trouxe um pulseira e uma fita enfeitada de pedras brancas brilhosas, que ele ousou colocar em minha cabeça. A pulseira era de ouro com pedrinhas de cristais. Eu olhei para ele espontânea e sem jeito.
– Eu sei que você odeia coisas caras, mas relaxa, sua surpresa é mais valiosa que um cristal. – disse sorrindo.
Ele era mesmo incrível.
Almoçamos fora, saímos para vários lugares, mas ainda assim ele me dizia que não era a minha surpresa. Eu não sabia mais o que imaginar, até chegarmos a uma estação.
– Trem?
– Vamos até sua surpresa!
Eu fiquei ainda mais curiosa, iríamos ter que viajar de trem para chegarmos.
Não questionei, até que não demorou tanto a chegarmos, e ele apareceu com um carro alugado. O curioso foi que ele queria que eu fosse até o local de olhos vendados. Fomos ouvindo nossa música preferida “Don’t Wait” pelo caminho.
Eu deveria estar cansada de viajar, mas eu estava animada, parecia que depois de muitos anos eu tinha esquecido como era viver, e Daniel estava me fazendo ter uma experiência que eu queria levar para a vida toda.
Depois de uma hora pela estrada misteriosa, eu saí do carro sendo apoiada e levada até um certo local.
– Não vale espiar viu? – Disse me guiando segurando meus ombros.
– Tudo bem! Mas está demorando, eu estou curiosa.
– Calma, confia em mim!
Disse e nesse momento eu sentia que seria algo tão incrível quanto o vento que estava batendo em meu rosto.
– Vou tirar mas continua com os olhos fechados. – Disse desamarrando a venda, e assim que senti que já não estavam mais, senti a claridade em meus olhos fechados – Pode abrir agora
Abro meus olhos devagar, e quando percebi eu estava diante de uma das melhores vistas que eu já teria visto antes, as sensações que me contagiaram de alegria e emoções naquele momento. O ambiente perfumado, era a um campo cheio de lavandas, eu olhei com os olhos marejados. As cores roxas, as linhas, o perfume que pareciam não ter fim.
Eu andei entusiasmada e sorrindo para o campo, e me misturando com a beleza do lugar, eu sentia algo incrível saltando de dentro para fora de mim.
– Daniel, isso é incrível! Obrigada! – Olhei para ele sorrindo. E nesse momento ele estava sério e me olhando nervoso.
– Sarah… com você, não encontrei apenas uma amizade, mas um santuário de confiança, um oásis de intimidade onde posso ser eu mesmo.
Com você eu me sinto em casa, você é minha casa! Eu passei todo esse tempo preparando isso para você! Porque você é a mulher mais incrível e importante para mim!
Eu te amo em cada detalhe, eu sonhei com esse dia, sonhei todas as noites em Harvard, sem saber se você me esperava. E você me esperou o tempo inteiro. E eu sei que deveria ter lhe dito isso naquele dia. Mas escolhi acreditar que você me ouviria hoje, você ouvir eu dizer que te quero como minha amada, minha única e dona do meu coração. Eu te amei, amo e sempre amarei, e eu não sei o que você vai dizer. Mas eu precisava dizer que eu sou apaixonado por você! Desde o dia em que você pintou o meu cabelo e eu fiquei de castigo, mas eu sabia que você iria aparecer para me fazer companhia pela janela, e quando você chegava às três, às duas eu já estava te esperando e às uma eu já estava sorrindo. . Sempre foi você Sarah Jones!
Ele terminou me olhando com aquela vontade enorme de que eu respondesse imediatamente para quebrar um silêncio caloroso, mas eu estava parada, eu ouvi e absorvi tudo constantemente e de mim saiu um sorriso tão profundo movido com lágrimas no rosto.
– Daniel… eu esperei oito anos por esse dia. E agora nem sei o que dizer – respondi enxugando as lágrimas que teimaram em escapar
– Se eu te beijar… você.
– Pelos céus Daniel, me beija logo!
Ele no mesmo momento se aproximou e encostou seus lábios aos meus com tanta intensidade que me fez esquecer como respirava. Em meio a um campo de lavandas e o um sol fraco que fazia com que o céu estivesse em tons alaranjados no entardecer com flores roxas.