Gabrielle e seu anel

Amor Drama Romance

O anel não combinava com ela.

Gabriela chegou à essa conclusão depois de muitos dias praticamente encarando o anel em seu dedo. Ora, como poderia ser para ela? Ela finalmente tinha conquistado seu tão sonhado anel de noivado, cortesia de seu querido Mateus. Com o lápis parado na mão direita, ela observa o brilho do metal reluzir na luz. O anel é de prata — uma cor peculiar para um anel de noivado — e ela sabe que esse é o objetivo, mas mesmo assim seu estômago revira. Porque não é apenas prateado, é simples. 

Sim, a amplitude não combina com ela, e Mateus sabe muito bem disso. Então por que diabos ele daria para ela um anel sem quaisquer adornos e na cor prata? 

A possibilidade de Mateus estar zoando com a cara dela era bem possível. Afinal ela sabia muito bem do humor de seu parceiro. Ela colocou a ponta de seus dedos em suas têmporas, tentando entender o que estava acontecendo, mas nada fazia sentido.

Desde que se conheceram no jardim de infância, Gabriela não pode deixar de ficar curiosa sobre o garotinho quieto e introvertido que preferia ficar lendo durante o recreio do que jogar bola como os outros moleques. 

A loira de olhos caramelos era gentil e carismática desde criança, portanto, ao ver o garoto sozinho, ela imaginou que ele não tivesse amigos, ou talvez fosse muito tímido… Poderia ser que ele estava sendo bolinado? 

Mal sabia ela o verdadeiro motivo de o menino estar sozinho. Na inocência de uma criança, Gabrielle se aproximou dele e se sentou ao seu lado.

“Por que você está aqui sozinho? Quer vir brincar comigo?” – Ela perguntou.

Mateus tirou os olhos de seu livro e, ao se virar em direção aquela voz melodiosa, sentiu seus olhos queimarem… Era como se ele estivesse olhando direito para o sol. Um sol com um sorriso brilhante, com covinhas ao lado de suas bochechas e olhos… Dourados? Não, não, eles eram caramelos; mas ele podia jurar que brilhavam como ouro.

Infelizmente como todo garoto dessa idade, ao ver uma menina em sua frente, ao invés de dizer as palavras que passavam pela sua mente, ele resolveu “puxar o cabelo” dela, respondendo bruscamente.

“Eu estou aqui por um motivo. Se eu quisesse brincar não estaria aqui. Prefiro ficar na sombra do que brincar na terra e suar como um porco.” – Ele respondeu, com uma carranca no rosto.

Gabrielle nem ao menos pensou em uma resposta, ela sentiu o rosto arder de tanto corar de vergonha. Seu peito ficou apertado e os olhos lacrimejaram. Mateus percebeu quase que instantaneamente que com certeza não deveria ter dito nada daquilo, mas, não houve tempo para se desculpar.

A loira pegou um punhado de terra e jogou na boca do garoto gritando (ou talvez ela estivesse chorando também?): “Quem é a porca aqui sua boca suja?!”

Como era de se esperar, as professoras tiveram que se intrometer para apartar a briga, que já tinha se alastrado para puxões de cabelo e beliscões. 

Como de praxe, os pais de ambos foram chamados. Mas, em um trocadilho do destino, ao invés de afastarem as crianças, a avó de Matheus sugeriu algo diferente: “Que tal marcarmos um encontro para eles brincarem? Ao invés deles ficaram de briguinha, quem sabe, eles podem até mesmo virarem bons amigos?”

Isso não fazia muito sentido, mas a sabedoria de Dona Maria não podia ser superestimada. Ela sabia o que tinha visto na sala do diretor. Ao chegar juntos com os pais de Mateus na escola e ouvir dos outros pais o que havia acontecido, ela foi até seu neto, para tentar entender o que havia acontecido.

Esse tipo de comportamento não era normal dele. Mateus era uma criança introvertida, quieta e respeitosa. Ele sempre estava com seu nariz enfiado em algum livro, nada fora das páginas parecia importar. 

Diferentemente das crianças da sua idade, a inteligência de seu neto estava acima da média, o que explicaria ela ser tão introvertida. O médico havia alertado ela e os pais dele que ele teria dificuldades de interagir com outras crianças, mas que isso era um comportamento normal, mesmo que ele fosse um pouco diferente dos demais.

Mas, isso de nada importava para a avó. Seu neto podia ter dificuldades de falar com outras pessoas, mas ele sempre fora bom, educado e respeitoso – ele só era mais calmo que as demais crianças da sua idade.

Mesmo assim, a avó não podia deixar de se preocupar com ele. Com quase 10 anos, Mateus não tinha nenhum amigo, não encontrava graça na brincadeira de outras crianças e, consequentemente, passava a maioria de seu tempo acompanhado de seus livros. 

Mas, ao entrar na sala ao lado da diretoria, a cena que ela viu era deveras diferente do que esperava. 

Ali estava seu neto, de joelhos em frente a uma pequena garota loira, murmurando algumas palavras de desculpas, tentando expressar seu arrependimento da melhor maneira que ele podia.

Com a experiência de uma vida inteira, a avó não duvidou por um segundo que aquilo seria o início de uma verdadeira amizade, a qual com certeza perdurará por anos.

E ela não estava errada, pela próxima década Mateus e Gabrielle se tornaram inseparáveis. 

Felizmente, eles tiveram um ao outro, ainda mais quando a vida de ambos não tinha sido fácil, nesse período de tempo, a mãe de Gabrielle acabou traindo seu marido, causando o fim do casamento deles. Ela acabou se mudando para outra cidade, abandonado a filha e o marido que acabou por entrar em uma depressão profunda e se suicidou logo em seguida.

Na mesma época, os pais de Mateus fizeram uma viagem para prestar apoio voluntário a comunidades em necessidade. Infelizmente, ambos sucumbiram à mesma doença que assolava a vila que estavam ajudando.

A avó de Matheus só podia lamentar que tantas tragédias teriam assolado a vida de ambos. Se isso não bastasse, na tentativa de colocar sua vida no lugar, Gabrielle fez um empréstimo no banco e arranjou 2 empregos, na tentativa de pagar pelas dívidas que sua mãe havia deixado para seu pai antes de morrer.

Ela recusou a ajuda financeira que a avó de Mateus havia lhe oferecido. Consequentemente, seu neto questionou suas decisões de vida, argumentando que Gabrielle não deveria ser a responsável por isso, mas sim sua mãe, a qual deveria responder legalmente por isso.

Mateus estava correto? Sim, mas ele não era uma das pessoas mais simpáticas do mundo, por conta disso, o que era para ser uma simples discussão, se tornou uma briga que os afastou durante anos. 

Dona Maria teve de assistir, com o coração apertado, seu neto perder sua melhor amiga, e a pessoa pela qual ele estava apaixonado a anos.

Felizmente, o destino ainda daria a eles uma segunda chance.

Anos mais tarde, a escola na qual eles se encontraram pela primeira vez passaria por uma reforma. Coincidentemente, a arquiteta contratada tinha sido Gabrielle, era o primeiro projeto dela desde que voltara para a sua cidade natal.

Ela estacionou seu carro em frente a sua antiga escola, cumprimentando a pequena equipe que a esperava: alguns assistentes da prefeitura e o atual delegado, Carlos – um ex amigo seu dos tempos da escola.

“Quem é vivo sempre aparece, não é mesmo? E bom te ver de volta por aqui Gabs.”

Cumprimentou o moreno. 

“Ha! Como se a Tatiane não tivesse te avisado. Conheço muito bem sua esposa, e se tem uma coisa que ela gosta é de ser bem-informada.” – Alfinetou a loira, abraçando o velho amigo.

 Na época do colegial, ela e Mateus acabaram fazendo amizade com o casal, a amizade dos 4 perdurou por anos, até mesmo quando Gabrielle saiu da cidade. Tatiana fez questão de manter a amizade mesmo à distância, e Carlos não foi diferente. 

“Mas, vamos lá… O que exatamente estamos esperando? Achei que eu ia andar pelos arredores da escola e fazer alguns rascunhos?” – Indagou a loira.

“Sim, é isso mesmo. Já demos uma vasculhada no lugar, nada abandonado ou perigoso. Pode ficar à vontade e andar pela propriedade. Eu estava só esperando você chegar para passar o recado…”

“Ótimo!” – Comemorou Gabriela, já tirando seu iPad da bolsa e andando em direção ao velho parquinho. “Nos encontramos na pizzaria do Gino certo? A Tati me disse que ia ser lá pelas 19h.”

“Isso, mas eu não terminei o recado! O secretário geral ainda está por aí e… Lá vai ela de novo…”-  Murmurou o loiro, observando sua amiga andar a passos largos, obviamente ansiosa para dar início ao projeto.

“Bem, eu tentei avisar… Se bem que eles iam se encontrar uma hora ou outra…”

Carlos apenas deu de ombros e tirou o celular do bolso, ligando para a sua esposa.

“Amor? Oi, então, ainda temos aquele kit de primeiros socorros? Não, não, nada sério. Mas a Gabs simplesmente correu para dentro da nossa antiga escola antes que eu pudesse avisar ela… Sim, o Mateus está lá dentro e não, ela não faz nem ideia.”

Sem conseguir se conter, Carlos soltou uma gargalhada. Anos depois eles se encontrariam no mesmo lugar em que se conheceram? HA! 

Os ecos de sua risada ecoavam pelos corredores vazios, fazendo com que uma certa loira, que adentrava o refeitório, arrepiava de medo.

“O que?! Não, isso só pode ser brincadeira! Fantasmas não existem!” – Ela murmurou consigo mesma, observando apreensiva ao seu redor. Nesse exato momento, um vento frio entrou pelos vidros quebrados do antigo refeitório, assobiando.

Um barulho que mais parecia o apito de uma chaleira saiu da boca da loira, que prontamente se pôs a correr para a saída do refeitório, dando de cara com o parquinho, que agora tinha sido tomado por uma vasta vegetação.

Uma combinação maciça de grama, flores e ervas daninhas se alastrava até os muros, cuja tinta descascava por conta da idade. 

A natureza se aproveitou do tempo para retomar seu devido lugar. O cenário era etéreo, como se ela estivesse em uma cena de um filme de fantasia, envolta pelo farfalhar das borboletas e o canto dos pássaros.

Resumindo, o cenário era perfeito! Gabriela nem ao menos hesitou, levantou o iPad e abriu o aplicativo da câmera, tirando tantas fotos quanto conseguia. Entretanto, ao dar zoom no carvalho ao lado das gangorras, ela percebeu que havia alguém sentado ao lado das raízes.

“Ue? Carlos disse que eu seria a única por aqui… Quem será que é?” Pensou a loira.

Com passos cuidadosos, Gabriela se aproximou.

“Oi! Olha, essa é uma propriedade particular, sabe?”

Mas o homem escorado na árvore nada respondeu. Ainda receosa, ela se aproximou mais um pouco. 

“Ei! Você tem que sair daqui!”

E mais uma vez nenhuma reação do homem. Respirando fundo, a dona de olhos caramelos cerrou os dentes e se colocou na frente do homem.

“Será que dá pra parar de ser um sem educação e responder quando alguém fala com você!?” – Gritou a loira, exasperada.

O homem apenas suspirou e levantou as mãos para os enormes fones de ouvido em sua cabeça, apertando um botão do lado esquerdo.

“Sim eu te ouvi. Nem mesmo o cancelamento de ruído do meu fone conseguiu barrar esse som irritante que você chama de voz. Agora, me explique porquê…”

Antes que a loira pudesse ao menos retrucar, o homem levantou os olhos. Caramelo e verde se encontraram mais uma vez depois de anos. 

Carlos engoliu em seco, o sol da tarde fazia com que os olhos de Gabriela mais parecessem dourados e, assim como naquele momento em sua infância, o cérebro do moreno simplesmente entrou em curto circuito ao ver a loira.

“Se você continuar gritando desse jeito, as pessoas vão achar que algum espírito rancoroso está assombrando a escola. Se bem que, com essa sua cara, não seria muito difícil achar que você é uma assombração.”

O rosto de Gabrielle queimou de vergonha e Mateus não pôde deixar de perceber que ela mais parecia uma chaleira prestes a explodir. 

“Assombração!? Eu não acredito no que estou ouvindo! Faz anos que a gente não se vê é a primeira coisa que você diz para mim é isso? Ora seu idiota!”

Enquanto gritava indignada a loira levantou o iPad pronta para dar na cabeça do moreno que, vendo a reação da loira, se prontificou em levantar para esquivar das investidas.

Gabrielle estava fulminando, pois o sorriso sarcástico no rosto de Mateus era claro. E, se um antigo amigo policial deles tivesse vindo para conferir o motivo de tanta gritaria, que praticamente ecoava pela escola abandonada, ele não poderia sorrir com a cena à sua frente.

Assim como na primeira vez que se conheceram, lá estavam os dois, debaixo do carvalho trocando ofensas e, ao mesmo tempo, tentando conter o sorriso em seus rostos.

Depois de Carlos conseguir controlar a situação (e afastar uma loira que estava mais do que pronta para quebrar seu iPad na cabeça de alguém), os três se juntaram a Tatiana na Pizzaria do Gino ‘s.

Entre conversas e pedaços de pizza, parecia que o quarteto nunca tinha se separado. E, assim como Dona Maria havia previsto, Mateus e Gabrielle tinham ganhado uma nova chance. A reconciliação demorou um tempo, eles passaram de simples conhecidos que se separaram por um tempo para duas pessoas inseparáveis. 

Então, depois de quase 2 anos, com o fim do projeto de restauração da antiga escola deles, durante a festa de inauguração, Mateus levou Gabrielle mais uma vez ao parquinho e, debaixo do carvalho que assistiu tantos momentos especiais da vida ambos, ele se ajoelhou e a pediu em casamento.

No calor do momento, a loira nem ao menos reparou na joia, apenas gritou de felicidade e aceitou.

Mas, alguns dias depois, aqui estava ela, tentando entender o que estava acontecendo.

-*-

“E olha só!”

O jantar na casa de Tatiana se tornou mais um longo desabafo. Vanessa, a filha adotiva dela e de Carlos, cutucou sua comida com seu garfo. Carlos já havia terminado há muito tempo e agora estava fingindo ouvir a conversa, enquanto sua esposa está com seus cotovelos colocados na mesa, ouvindo enquanto Gabrielle continua a falar sem fim.

A loira levanta a mão sobre a mesa, colocando-a para cima, para que a luz reflita no anel de prata. Ele recebe um pouco mais de atenção do pessoal em volta da mesa – Vanessa olha para cima e Carlos para de mexer com as cartas de poker que ele estava embaralhando.

“É tão chato! Quem ganha um anel de noivado como esse? Não é como se eu esperasse diamantes, mas todos sabemos que Mateus não é de forma alguma pobre, então pensei em pelo menos conseguir algo menos simples.” 

Gabriela bufou, sentando-se e cruzando os braços. 

“E, no entanto, é bem a cara dele fazer isso, sabe? Ela sempre me zoa ou prega pegadinhas. Será que tem outro anel escondido por aí e ele só está esperando eu falar algo desse daqui? Mesmo que ele saiba que isso vai me incomodar pelos próximos anos da minha vida?”

Tatiana suspira e abaixa os braços da mesa, e em sua maneira absolutamente terrivelmente contundente, pergunta: “Por que você disse sim se odeia tanto o anel?”

A loira quase que imediatamente endireita suas costas. Ela pode sentir seus olhos se arregalaram um pouco, seu rosto esquenta e ela bufa novamente, desviando o olhar. 

“Eu”, ela começa, mas nada veio depois. Nenhuma palavra que realmente pareça apropriada chega à sua boca. “Bem, o que mais eu deveria dizer? Você não diz não quando está esperando seu namorado te pedir em casamento depois de tanto tempo, mesmo que o anel seja a coisa mais horrível que você já viu.”

Tatiana responde com um simples acenar de cabeça. Já Vanessa olha para a mãe e depois para Gabrielle, repetindo esse movimento mais algumas vezes.

“Não é como se você tivesse dito não para o Carlos”, acrescenta a dona de olhos caramelos, um pouco mais calma quando parece que ninguém quer retomar a conversa.

Carlos apenas olha de canto para Tatiane, enquanto sua mulher suspira mais uma vez. “Você se lembra do que eu te falei sobre como funcionam os relacionamentos? A comunicação é um alicerce e não parece que nenhum de vocês faz muito isso.”

Isso fez com que Vanessa soltasse uma risada e, se Gabrielle tivesse um único pingo de maldade em seu corpo, ele teria fulminado a menina com um único olhar. Em vez disso, ela apenas franziu a testa. 

“Você já tentou falar com ele? O Sr. Secretário Geral acha que é melhor do que todos. Ele literalmente tira uma com a minha cara toda vez quando falo com ele.”

“Isso pode até ser verdade.” Carlos interrompeu. “Mas ele é mole com você especificamente. Qualquer pessoa com olhos pode ver isso.”

“O que você está tentando dizer?” A loira pergunta, descruzando os braços, batendo os dedos contra a mesa enquanto tenta se concentrar.

“Use a seu favor”, sugere Tatiana com o levantar da mão. “Você nos procura para sugestões o tempo todo e tudo o que podemos dizer para você fazer é falar sobre isso com ele. A questão é que ele gosta de você, mesmo que você seja estúpida demais para perceber isso o tempo todo. Tenho certeza de que se você tivesse uma discussão adequada uma vez na vida, poderia dizer a ele que não gostou muito do anel.”

Gabriela bufa pela terceira vez. Ela se senta, empurrando sua cadeira para longe da mesa, e se vira para sair, mas não sem antes lançar um olhar irritado para trás. “Talvez seu relacionamento funcione porque você pode conversar com seu parceiro, mas para mim, é como discutir com uma parede!”

Ela sai com passos pesados, mas, não pode deixar de ouvir Vanessa comenta entre risos: “Eles realmente não podem concordar em nada!”

Isso faz o estômago da loira revirar. Ela ama Mateus? Sem dúvida nenhuma. Ela a ama? Sim, ela também não duvida disso. Mas, na maioria das vezes, seu namorado – agora esposo – não tem muita noção do quão importante algumas ações sentimentais podem ser importantes.

Por exemplo, se ela fosse se casar amanhã, com certeza não usaria outra cor de vestido que não fosse branca. No caso do Mateus, ele iria sugerir uma cor azulada, para combinar com o tom de pele dela… O moreno podia ser um homem extremamente inteligente, mas, em casos como esse, ele não tinha noção nenhuma.  

Ele era um homem extremamente inteligente, intelectualmente falando, mas, para as coisas comuns da vida humana, o moreno mais parecia um robô introvertido. 

Ah, mas como ela o amava.

O caminho de volta para sua casa não era muito longo, mas era tempo suficiente para analisar o anel em sua mão enquanto emoções mais vis se agitavam em seu peito.

Ela tem uma promessa de amor no dedo, uma prova de que a amizade deles perdurou e floresceu em algo muito maior. 

Algo para simbolizar o primeiro encontro deles na floresta de fundo da escola, assim como o reencontro deles naquele mesmo lugar.

Pensando bem, ela poderia sugerir que o casamento deles até mesmo ocorresse ali! Isso seria fantástico! 

A loira sentiu o coração palpitar só de pensar no casamento estilo fantasia que ela poderia ter. Na cabeça dela, ela se imaginava em uma cerimônia no estilo de Crepúsculo, com as árvores ao redor, bancos adornados em branco…

Sim, seria exatamente como o filme favorito dela; a loira seria a Bella e seu esposo o Edward. Se bem que ela precisaria de um alter adequado, algo sobre medida e…

Seus olhos cerraram-se, os raios do sol reluziram no anel, fazendo-o refletir diretamente em seus olhos.

Ah, claro, ela tinha ainda esse obstáculo em mãos, literalmente.  

-*-

 “E se você mesmo consertasse?” Comentou sua secretaria no dia seguinte.

O sorriso brilhante de Nádia quase faz o coração de Gabrielle afundar. Essa era uma boa sugestão, ou pelo menos seria se o ponto dos anéis não fosse para que eles combinaram. Mas, ainda assim, ela continuou sem perceber. 

“Você está sempre fazendo coisas tão lindas! Tenho certeza de que se ajustasse, ficaria divino”.

A loira apenas suspirou, girando a joia em torno de seu dedo enquanto ambas olhavam o metal. “Não posso”, ela murmura abatida. “Claro, seria simples de consertar, mas Gabriel me deu esse anel e, por mais que eu o achei meio feinho, ainda assim foi um presente. Seria muito fútil da minha parte rejeitar esse anel, por mais que eu não goste. Sem contar que aí não íamos combinar.”

O sorriso de Nádia hesita por apenas um momento, então ela leva a mão até o queixo como se estivesse pensando profundamente. “Bem…”, ela tenta. “Você não poderia pegar o dele e ajustar também? Eu sei que o Mateus não é o maior fã de atividades artísticas como essa, mas… Tenho certeza de que se você colocar seu coração nisso, ele com certeza vai entender!”

Essa era uma ótima mesmo – mas Gabrielle sabia que isso geraria uma discussão, e não uma daqueles que eles sempre tinham, mas uma que com certeza machucaria ambos. E, embora a ideia de seu esposo usar algo feito especialmente por ela fez seu coração palpitar, isso também não soava nem um pouco realista. Ela simplesmente não consegue imaginar o moreno usando um anel chamativo ou que não seja “simples”.

“Ele provavelmente ficaria irritado comigo se eu pedisse para mudar algo”, diz Gabriela. Ela vira a cabeça para longe, concentrando-se no projeto à sua frente. A loira faz alguns pequenos ajustes, apaga algumas linhas e retoca outros pontos.

Nádia apenas a observa, cantarolando suavemente uma música qualquer. “Olha, não quero te ofender, mas será que ser simples é realmente tão horrível? Sei que tem muita coisa que poderia ser melhorada, mas ainda é simbólico, não é?”

Vanessa arregala os olhos, sua expressão já frustrada se torna de alguma forma ainda mais brava. “Simbólico?”, ela pergunta, franzindo a testa. “Esse homem não saberia o que é simbolismo mesmo se caísse do céu e o atingisse na cabeça.”

O pequeno sorriso de Nádia deu lugar a um olhar que parecia um pouco lamentável. Ela colocou as duas mãos no colo e respirou fundo antes de continuar. “As cores não deveriam representar vocês dois? Ora, ele tem um anel dourado para te simbolizar, e você tem um anel prateado com uma pequena pedra verde para se lembrar dos olhos dele…” Ela se afastou, rindo baixinho para si mesma. “Acho que isso é muito doce.”

“Oh”, Kaveh faz uma pausa, com o rosto caindo. “Não, eu sabia disso! Essa parte é óbvia! É tão simples que você teria que ser cego para não perceber… Se ele quisesse que fosse simbólico, ele teria algum desenho gravado nas laterais ou poderia ter escolhido uma pedra preciosa que significaria o que ele quiser, mas não! Agora estou presa a isso.”

Nádia ri novamente. “Tenho certeza de que você será capaz de descobrir algo para satisfazê-lo chefe, mas devo pedir desculpas e dar uma pausa na nossa conversa, minha pausa está quase acabando.”

Gabrielle suspira, mas apenas acena com a cabeça, entende o que a outra quer dizer. “Obrigada por me ouvir.”

Ela acena em resposta, se levanta e caminha cuidadosamente de volta à sua mesa, sem olhar para trás.

Na luz tênue do seu escritório, a faixa de prata brilha , como se estivesse zombando, a dona dos olhos caramelos franze a testa para sua simplicidade. Simbolismo. Ela amaldiçoa seu próprio pensamento. 

Esse homem com certeza curte tirar uma com a cara dela. Nada faz sentido!

Sim, eles discutem com frequência, brincam um com o outro, mas… Sempre foi assim, pelo menos desde que se reuniram anos depois. Nada sério ou que pudesse levá-los a um impasse como daquela vez.

O moreno sabia e tinha plena ciência de que se certas coisas não se brincavam, então, por que fazer isso?

Ah, do que adiantava ficar remoendo isso? 

No fim do dia a verdade era uma: ela tem um anel que não combina, mas essa é uma promessa de amor, então, o que a loira pode fazer? 

– – –

 

Dori ri dela quando ela lhe conta.

Elas almoçam juntas todos os sábados e, para ser sincera, Gabrielle não se importa em caminhar até o porto outro lado da cidade (especialmente agora quando há muito em sua mente e ela precisa do ar fresco), mas a amiga é sempre tão terrivelmente insistente que no fim das contas, fosse chuva ou sol, elas sempre se veem. 

Hoje, o Porto está tão ocupado como sempre e, felizmente, isso abafa a diversão que Dori encontra em seu sofrimento. Seu lanche foi deixado de lado, intocado. Ela coloca uma mão sobre seu peito, a outra pressiona contra a mesa para se segurar.

Gabrielle suspirou, cruzando uma perna sobre a outra e, em seguida, seus braços sobre seu peito enquanto ela se senta para trás, apenas observando a ruiva na sua frente. Ela ria, afinal, Dori nunca tinha gostado muito do Mateus e aqui estava a oportunidade perfeita para zombar dele.

Quando Dori terminou de gargalhar, ela respirou, agarrando-se à água a sua frente e tomando um gole rápido. De forma bem dramática, ela sentou-se de volta em seu assento, com um sorriso travesso se estendendo por seus lábios. “Eu sabia que ele era um caso perdido”, disse ela. “Mas nem tanto.”

Gabrielle franze os lábios, tocando brevemente o anel com a outra mão. Ela a coloca em seu colo onde a outra não pode ver, mas isso ainda faz com que a loira se sinta um pouco autoconsciente. A dona dos olhos caramelos fecha os olhos, um suspiro forçado sai de sua garganta. “Achei que ele se importava o suficiente para me dar algo especial.”

Dori zomba apenas do que ela diz. “Esse foi o seu primeiro erro”, a ruiva comenta. “A única coisa com que esses esnobes da prefeitura se preocupam é com eles mesmos.”

Gabriela abre a boca e, por um momento, quer discordar, mas acaba não dizendo nada. Ela apenas suspirou e desviou o olhar.

“Você sabe que eu estou certa”, Dori continua. Ela dá uma mordida em seu lanche, engole depois de um momento e, em seguida, segue falando: “Todos nós sabemos que ele gosta de brincar com você e, obviamente, você curtiu isso. Não, nem tente negar. O problema é que para as questões da vida ele simplesmente não sabe o que fazer. Sim, eu sei, ele é introvertido e nunca se importou com os outros, não e à toa que ele e um ótimo secretário geral, afinal, ninguém consegue passar ele.”

“Ele não…”, resmunga Gabrielle em resposta, abafando seu nervosismo ao pegar seu copo e tomar outro gole. Ela bate o copo com mais força do que o esperado na mesa, levando seus dedos à borda, tentando ver se houve algum trinco.  

“Bem, você sabe quais são as minhas opiniões!” Dori dá mais algumas mordidas, depois as lava com sua própria água. “Você estaria melhor sem ele.”

Ela faz uma pausa, olhando para cima enquanto suas sobrancelhas frustram. “O que você sabe sobre ele? Você mal o conheceu.”

Dori para, colocando seu lanche de volta no prato, ela apenas olha para a loira e deixa um sorriso sarcástico tomar seu rosto. 

“Agora você está defendendo-o? Decida-se, o casamento está chegando!”

“Eu disse sim para me casar com ele, claro que eu o defenderia”, retruca Gabriela. “Eu sei que você não gosta dele, mas eu não vim aqui para te ouvir falar mal nele.”

Dori levanta uma sobrancelha. “Você não estava apenas reclamando dele?”

Gabrielle fica vermelha imediatamente.

Isso faz Dori explodir em outro ataque de riso, mesmo quando ela se levanta e silenciosamente se desculpa enquanto acena para que o garçom traga a conta.

Enquanto a amiga paga, a loira não pode deixar de se perder em seus próprios pensamentos.

Ela alisa o anel em seu dedo, sentindo a frieza do metal permear até seu coração.

Está na hora de tirar a verdade do esposo dela, chega de ficar se remoendo. Ela confia em Mateus, então, com certeza deve haver alguma explicação para ele ter feito isso.

Bom, ela pelo menos espera que haja uma.

– – –

Está escuro quando Gabrielle voltou para casa. 

A porta se abre sem qualquer reclamação e ela a tranca cuidadosamente atrás de si, colocando sua chave de volta na tigela ao lado da porta. A loira encara o chaveiro em forma de um golden retriever, agora ao lado de uma chave com um chaveiro de gato preto.

Mateus levanta o olhar de seu livro, sorri suavemente para ela e imediatamente volta para a leitura. A dona de olhos caramelos sorri quando percebe que o moreno se ajeitou melhor para o canto do sofá, dando espaço para ela. A loira se senta ao seu lado e, em seguida, ele envolve um braço lentamente ao seu redor.

A dona de olhos caramelos sorri, inclinando-se para ele e olhando para as páginas. É mais um livro daqueles absurdos acadêmicos, coisas que ela não se preocupa em entender.

Ele é o secretário geral do prefeito, qual a finalidade de ler isso? 

Ela pode não entender o motivo, mas, no fim dos dias, se aconchegar com ele no sofá virou um conforto, uma constância na sua vida.

Não importava o dia, ele sempre estava lá para recebê-la.

“Como foi o seu dia?” – a loira pergunta.

Matheus faz uma pausa e olha para Gabriela com um pequeno sorriso nos lábios – o tipo que ele só faz em particular ou ao seu redor. “Bom”, ele responde simplesmente. “Havia uma promoção no mercado das suas bolachas favoritas.”

“Oh, isso é bom”, murmura Kaveh, aproveitando o calor da conversa leve e o quão perto eles são pressionados. Na maioria das vezes, ela acha que esses momentos faltam acontecer com mais frequência. 

“Como estava a Dori? Ainda reclamando de mim?”

Gabrielle pisca, despreparada para a pergunta. “Ah”, diz ela, franzindo a testa enquanto pensa. “Ela ainda não gosta muito de você.”

Matheus dá de ombros e senta-se, pegando um marcador da mesa de centro e deslizando-o suavemente para a página em que estava antes de fechar o livro e se virar para sua noiva. “Ela provavelmente nunca vai aceitar”, ele responde enquanto se inclina de volta para o sofá, de volta para ela. “Eu era o tema da discussão?”

A loira franziu a testa. Ela odeia quando ele consegue ler ela tão facilmente. “O que mais eu tenho que falar agora senão você?”, ela responde, desviando o olhar. Em seu dedo, o anel de repente parece pesar 1 quilo.

“Hum, ela não tenta te convencer sobre o casamento? Não tentou organizar um protesto contra mim? Então acho que ela está amolecendo isso sim.”

“Como vou me concentrar em algo assim quando tenho que olhar para esse anel chato o dia todo?” Como que para dar ênfase, ela levanta e enfia a mão no rosto dele. “É como se você soubesse que isso me incomodaria o suficiente para me distrair de todo o resto! Até para um anel de noivado, eu pensei que você pelo menos me daria algo um pouco especial, mas—”

“Gabi”, diz ele, o tom de voz fazendo com que a loira pare de falar. “Esse é o ponto, sabe, o intuito”

A loira pisca rapidamente, tentando organizar seus pensamentos. O ponto? “Então, você estava apenas tentando mexer comigo?”

O moreno suspirou enquanto se vira, envolvendo seu outro braço em torno da cintura de sua esposa. Ele lhe dá um beijo suave em sua testa e a loira se amaldiçoou por se derreter, a raiva desaparecendo tão facilmente quanto apareceu. “Estou surpreso”, ele murmura enquanto se afasta. “Eu não pensei que você duraria nem uma semana.”

“Como é que é?” Gabrielle se afasta do ombro dele, finalmente entendo o porquê de tudo isso. Os anéis são simples, sim, e este é o ponto. Portanto, ela deveria estar chateada com ele, mas ainda assim, a loira não consegue pensar em nenhuma razão racional do porquê seu esposo estava esperando que ela ficasse insatisfeita com a joia.

A dúvida devia ser aparente em seu rosto porque Mateus apenas ri baixinho para si mesmo. “Eu não pensei que você ficaria satisfeita com qualquer coisa que eu pudesse comprar, então pedi que eles fossem simples o suficiente para que você possa fazer o que quiser com eles.”

Ah. Então, Nádia tinha razão, afinal.

Gabrielle apenas olhava estupefata para o moreno, sem ao menos acreditar no que estava ouvindo. “Você é incorrigível.”

“Você me teria de outra forma?” Retrucou o moreno, sabendo muito bem qual seria a resposta da loira, que cora com a situação, adquirindo um rubor nas bochechas.

Ele tira o anel cuidadosamente de seu dedo, pega uma das mãos de Gabrielle e pressiona firmemente em sua palma. Seus lábios se contorcem em um pequeno sorriso, o qual faz o coração da loira disparar, como se quisesse saltar de seu peito. “Estou longe de ser um especialista em questões estéticas, mas sei que você gostaria que fossem especiais. Divirta-se com eles.”

Gabriela fica sem fôlego por um momento. Ela olha primeiro para o moreno, incrédula, e depois para a palma da sua mão, onde a luz pega brevemente na borda do anel. Ela fecha o punho em torno dele para mantê-lo seguro, em seguida, lentamente escorrega seus dedos, entrelaçando-os aos dele.

Prata e ouro, completos opostos.

Ela puxa o punho para perto de seu peito, inclinando-se para pressionar um beijo suave nos lábios do moreno antes de se afastar com uma risada suave. “Obrigado”, diz ela, levantando-se do sofá. As possibilidades já estão preenchendo sua mente e isso se reflete no sorriso largo que desliza por seu rosto.

Ela vai mandar encravar algo, talvez uma figura ou desenho que lembra os dois? Mas, qual seria o simbolismo perfeito? Ah, talvez o jardim de fundo da escola que mais parece uma floresta. 

Sim! Ela poderia fazer o design de galhos se entrelaçando, ou talvez as árvores?

A loira se vira para sair, quase saindo da sala antes de hesitar e virar para trás, com os olhos marejados ela apenas sorri e diz: “Eu te amo.”

Matheus já está lendo novamente, embora seus olhos também parecem molhados quando ele olha para ela. “Eu também te amo.”

Sem hesitar, a loira se põe a andar até o seu estúdio na parte dos fundos da casa. O caminho até seu escritório e estúdio é curto, mas, com a conversa repassando pela sua mente as cenas de um filme, ela se sente com mais energia do que nunca. A porta da frente range abruptamente com seu entusiasmo. A dona de olhos caramelo coloca ambos os anéis sobre a mesa, pegando alguns papéis, canetas e seu iPad. Ela olha para as joias e, por um momento, todos os pensamentos ruins que teve sobre os anéis desaparecem. 

Há dois anéis em sua mesa; eles não têm sentido e muito menos combinam, mas, o que antes eram pensamentos duvidosos e sentimentos de aflição, são substituídos pelo amor que permeia em seu coração. 

Os anéis são uma promessa de amor, um símbolo de que Mateus confia nela para fazer o que bem entender com eles. Então, agora está na hora dela devolver essa confiança que ele tanto tem sobre ela.

– – –

 

Obviamente, Gabrielle não poupa esforços. Com a ideia de encravar no metal o simbolismo do amor deles, ela trabalha incansavelmente para corresponder à visão perfeita que vê em sua mente.

A ideia? Tentar gravar no metal algo que simbolize os três momentos primordiais da relação deles, tudo sob a árvore do jardim da escola que os acompanhou por todos esses anos. 

Afinal, essa planta primordiosa testemunhou quando eles se conheceram pela primeira vez no primário, quando se reencontraram anos depois de se afastarem por conta da briga e, finalmente, quando Matheus a pediu em casamento bem abaixo dela.

O que era para ser uma reunião entre a arquiteta contratada pela prefeita e o secretário geral, para discutirem a respeito da reforma da escola, se tornou uma memória única. A qual, agora seria para sempre lembrada nos metais. 

O moreno entra algumas vezes, principalmente para lembrá-la de fazer uma pausa, comer ou até mesmo descansar. Isso só lhe rende uma arquiteta em pânico enquanto ela corre para encobrir seu progresso, virando-se para ele corada e gritando sobre como ele não pode no que a loira está trabalhando até que tudo esteja pronto e perfeito.

O projeto completo leva 1 semana – dois dias de trabalho manual e cinco correndo e tentando encontrar as adições perfeitas – mas quando finalmente ela termina, a arquiteta sai correndo de seu quarto com um sorriso largo no rosto e dois anéis protegidos na mão levada até o peito.

“Matheus.” O nome dele sai como um sussurro, mas a felicidade que ela sente não consegue esconder a excitação da revelação.

O moreno não fala nada, apenas olha para cima e a vê com a mão no peito. Ele coloca o livro para baixo, mas nunca quebra o contato visual com a loira, apenas se ajeitando para o lado, dando-lhe a chance de se juntar a ele no sofá.

Ela pega a mão esquerda de Matheus na dela, deslizando lentamente o anel dourado em seu dedo e, por um momento, ambos apenas olham. Agora a joia não é mais apenas uma faixa simples de metal – o anel está adornado com prata ao longo de toda a sua lateral, esculpida para parecer com as videiras e folhas de uma planta. Eles se encontram no topo para dar lugar a uma pedra preciosa caramelo dourada.

A loira suspira, ou pelo menos tenta, mas a única coisa que sai de sua boca é uma risada engasgada, o conto de seus olhos marejados.  “Espero que goste”, ela murmurou, desviando o olhar. “Eu sei que você não liga muito para a questão estética das coisas e tudo mais, mas eu pensei que seria adequado para você… Sabe, agora você tem um pedaço de mim aonde quer que vá, então…”

“Meu pedaço de sol…”, ele diz suavemente, chamando a atenção da loira que olha de volta para ele, olhos caramelos arregalados. O moreno se levanta, cobre suavemente o rosto da arquiteta e lhe dá um beijo suave em seus lábios, deixando-a sem fôlego. “É perfeito. Tudo o que você faz é perfeito.”

Gabriela suspira, seu coração parece querer saltar de seu peito, ela levanta suas mãos trêmulas e as coloca sob as de seu esposo, em cima de suas bochechas. Ela apenas continua a sorrir, deixando que algumas lágrimas escaparem. “Obrigado. Eu te amo”.

“Eu te amo também”, ele responde, dando outro beijo suave em seus lábios. A loira se afasta, apenas para deslizar seu próprio anel em seu dedo.

Sua joia é mais ou menos o mesmo, um conjunto combinando com as cores invertidas, e sua pedra preciosa e uma esmeralda, é claro. Ela coloca sua mão ao lado de seu esposo, notando o nítido contraste entre os anéis e como, mesmo assim, se complementam. A loira não consegue deixar de rir.

É perfeito, tudo finalmente parece perfeito.

Afinal, há um anel no dedo dela, uma promessa de que o amor deles perdurou.

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